História de Nova Prata

Primeiros habitantes da região de Nova Prata

A região territorial de Nova Prata era habitada por tribos de índios Caingangs (também conhecidos como “Coroados”), que somente mantiveram contato com a civilização por volta de 1850, e com eles iniciaram a negociar por meio de escambo. Há relatos de desentendimentos e rusgas, nos quais perderam a vida vários índios e espanhóis.

Mais tarde, Silvério Antônio de Araújo, entrando em entendimento com os índios Coroados, traçou a estrada que deveria dar acesso a Porto Alegre. O governo da Província do Rio Grande do Sul, informado disso, deu a Araújo o direito de escolher terras, tornando-se este o proprietário de quase toda a área da atual sede de Nova Prata.

Em conseqüência da colonização, os índios Coroados se afastaram rumo aos Toldos de Casseros e Cacique Doble, situados no município de Lagoa Vermelha; 7 de setembro, em Passo Fundo, e Ligeiro, em Erechim. Na atualidade, os descendentes dos Coroados acham-se nas reservas indígenas de Cacique Doble e Nonoai.

A Colonização

A quase totalidade da área da sede atual do município, de propriedade de Silvério Antônio de Araújo foi doada, posteriormente, por Dona Plácida Vieira de Araújo à Sociedade Protetora da Igreja São João Batista do Herval, cuja liberalidade foi feita em 30 de setembro de 1904, conforme escritura pública.

Representaram a Sociedade Protetora, da doação, Henrique Lenzi, Vicente Peruzzo, Rafael Cherubini, Clemente Tarasconi e Fernando Luzzatto. No estatuto da Sociedade estava evidenciado o espírito separatista da população pratense: A sede jurídica da fundação e, consequentemente, da Sociedade que a administra, é a vila de Alfredo Chaves (atual Veranópolis), enquanto Capoeiras não se constituir politicamente em município autônomo.

Iniciada a colonização, estabeleceram-se na região as primeiras famílias dos colonos: famílias Manoel Martins, Guedes, Moreira Teles (já radicados), Fernando Luzzatto, Henrique, Luiz, Rafael, Paulo Lenzi, Jacob Kurtz, Rodolpho e Emílio Schneider, Rafael Cherubini, Vicente, Marcos, Guerino e Eugênio Peruzzo, José Eccel, José Santetti, Miguel Magagnin, Jacob Enger, Luiz Cavani, João Kaminski, João Saggi, Joaquim Pires e outros.

Capoeiras era, naquela época, sede do segundo distrito de Alfredo Chaves, atual Veranópolis, no tempo, mais conhecida por “Paese Novo”. Foram instaladas algumas casas de comércio e pequenas indústrias, tornando-se Capoeiras ponto de abastecimento para uma vasta região, pois o norte do atual município de Lagoa Vermelha era mata virgem.

O novo povoado progredia rapidamente, contribuindo muito para este desenvolvimento o povoamento da zona rural. Em vista disso, começaram a surgir as primeiras pretensões emancipacionistas. No entanto, somente no ano de 1923, começou a idéia de emancipação a tomar vulto, dela participando toda a população, que designou, após muitas reuniões, uma comissão.

A mesma foi constituída por Henrique Lenzi, Cônego João Antônio Peres, Felix Engel Filho, Adolpho Schneider, Fernando Luzzatto, Clemente Tarasconi e Luiz Marafon, para ser portadora de um memorial endereçado ao então Presidente do Estado, Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, solicitando a emancipação dos distritos de Capoeiras, Nova Bassano, Vista Alegre e mais a anexação dos distritos de Araçá, Paraí e Protásio Alves, estes pertencentes a Lagoa Vermelha, cujos habitantes alegavam a enorme distância que os separava de sua sede municipal e também a falta de comunicações. O Presidente do Estado recebeu com simpatia o pedido, prometendo, todavia, atender, oportunamente, as reivindicações dos membros da comissão.

Pouco tempo depois, eclodia, no Estado, o movimento revolucionário de 1923, paralisando, como consequência, as atividades dos emancipacionistas. Em 1924 os integrantes da comissão emancipacionista voltaram a entrar em contato com o Presidente do Estado, encontrando um pequeno entrave em seus objetivos, pois Lagoa Vermelha, que muito havia contribuído para defender a legalidade, por ocasião da revolução do ano anterior, não desejava que fossem desmembrados seus distritos.

Em 11 de agosto de 1924 foi assinado o Decreto 3352, criando o município do Prata, constituído pelos distritos de Prata (ex-Capoeiras), Nova Bassano e Vista Alegre, sendo instalado em 15 de novembro do mesmo ano, ficando excluídas as populações de Protásio Alves, Araçá e Paraí, que jamais se conformaram em não pertencer à nova comuna criada.
O mais incansável “anexionista” foi o vereador Caetano Peluso, que, concitando o povo no sentido desta reivindicação, chegou ao ponto de ser processado. Foi constituída uma nova comissão emancipacionista que foi recebida pelo Interventor Federal, General Flores da Cunha, voltando com a promessa de que seriam atendidas suas pretensões.

Em 24 de outubro de 1932, o General Flores da Cunha, corrigindo uma anomalia geográfica, incorporou ao Prata os distritos de Araçá, Paraí e Protásio Alves, baixando o Decreto 5.127. Publicado esse ato, constatou-se que os limites estabelecidos não satisfaziam os anseios populares, e foi, ainda, Caetano Peluso que encabeçou um movimento para a retificação, conseguida pouco tempo depois, por novo decreto da Interventoria. Para a consecução destes objetivos, anexação dos distritos e retificação de divisas, tiveram atuação importante Mário Difini e Oscar da Costa Karnal.

A 9 de outubro de 1924, realizaram-se as eleições de intendente e conselheiros municipais, tendo sido eleitos: intendente, Felix Engel Filho; vice-intendente, Henrique Lenzi; conselheiros, Adolpho Schneider, Andréa Carbonera, Humberto Simonato, Alberto Peruzzo, Luiz Leduc, Guilherme Stockmans e Eugenio Bettio, que tomaram posse a 15 de novembro. Posteriormente renunciaram suas cadeiras os conselheiros Adolpho Schneider, Andréa Carbonera e Guilherme Stockmans, tendo sido convocados os suplentes Romualdo Tarasconi, Eutichiano Devi e José Zottis, assumindo a presidência o conselheiro Humberto Simonato.

Nova Prata chamou-se, até atingir sua maioridade política, “Capoeiras”, cujo nome lhe foi dado há mais de 85 anos, após violento furacão que desmatou extensos pinhais que circundavam a sede atual, reduzindo-a a um capoeirão. Quando da doação da área urbana, os padres da Paróquia pretendiam dar ao novo povoado o nome de São João Batista do Herval, santo protetor da cidade, o que foi confirmado pelo Governo do Estado. Todavia, não logrou resultado, devido à antiga e histórica tradição de “Capoeiras”.

Em 1924, data de sua emancipação política, a comissão que encabeçou o movimento sugeriu para o município a denominação “Flores da Cunha”. O Presidente Borges de Medeiros, sempre infeso em seu governo a homenagear pessoas vivas, embora acolhesse com simpatia à sugestão, opinou, todavia, pela denominação de "Prata", que tira sua origem do rio de mesmo nome que banha o norte e o leste do município.

Houve, também, uma tentativa de dar ao município o nome de Caiboaté, que não mereceu aprovação dos pratenses, permanecendo Nova Prata. Uma vez efetivadas todas as anexações e constituídos os novos distritos, o município de Nova Prata com área de 1.322 Km² ficou administrativamente com os seguintes distritos: Nova Prata (sede), Nova Bassano, Vista Alegre, Paraí, Nova Araçá, Protásio Alves, São Jorge, Guabijú e Rio Branco.

De 1964 a 1965, três de seus distritos conquistaram autonomia, formando novos Municípios - Nova Bassano, Nova Araçá e Paraí. Em 20 de setembro de 1987, mais dois distritos foram às urnas e, através de plebiscito, emanciparam-se: São Jorge e Guabijú. Em 10 de abril de 1988, mais dois distritos tornaram-se independentes: Vista Alegre e Protásio Alves.

Fonte: IBGE e Prefeitura de Nova Prata