História de Guaporé
De origem indígena, e de significado “Vale Deserto”, nasceu Guaporé, município situado no Planalto da Serra Geral, com relevo acidentado, altitude máxima aproximada de 700 metros e 478 metros acima do nível do mar. Foi colonizado por predominantemente imigrantes italianos.
A colonização da terra iniciou por volta de 1800 com a chegada de famílias primitivas que subiram o rio Taquari e se estabeleceram onde atualmente se encontra o município de Muçum, ex-distrito de Guaporé. Alemães de Montenegro, seguindo o gado das invernadas, também fixaram-se no alto da povoação de Boa Vista, antiga Bela Vista, comunidade atualmente pertencente ao município de São Valentim do Sul.
Através do rio das Antas se instalaram imigrantes Italianos oriundos de Bento Gonçalves e Garibaldi aumentando o povoado de Bela Vista, porém o maior número de imigrantes de Guaporé era proveniente de Veranópolis, os quais atravessaram os rios Sabia e Carreiro.
Em 1892, foi criada oficialmente a colônia de Guaporé, que quatro anos depois já possuía telefone e correio.
A imigração deu grande impulso econômico com a introdução das culturas de milho, batata, feijão, vinhas e erva mate. Na pecuária sobressaia-se o rebanho suíno. Surgiram então as primeiras indústrias.
Este rápido crescimento elevou a colônia de Guaporé a município através do decreto número 664, em 11 de dezembro de 1903, e instalação oficial em 1º de janeiro de 1904.
A força empreendedora guaporense já se fazia presente em 1910, pois já produzia e exportava aguardente, banha, ovos, queijo e vinho, além de plantas. Na agricultura, em 1920, a produção de trigo era um dos principais produtos produzidos.
Guaporé foi elevada à categoria de comarca em 21 de julho de 1933.
O município possuía vários distritos: Vila Maria, Casca, Evangelista, São Domingos do Sul, Muçum, Serafina Corrêa, Montauri, União da Serra, Dois Lajeados, São Valentim, e Vespasiano Corrêa.
Teve como primeiro Prefeito o Intendente Vespasiano Rodrigues Corrêa, Engenheiro Civil, que assumiu oficialmente a chefia da Comissão de Terras de Guaporé em 20 de fevereiro de 1900.
A cidade foi organizada em um mapa de traçado xadrez, regular, em forma de quadrículos modulares, inspirado no modelo português de planejar cidades, já determinado pela Coroa Imperial, através das chamadas Cartas Régias.
Em 21 de dezembro de 1943, o Município deu mais uma demonstração de garra e visão administrativa, inaugurando o Hospital Municipal Manoel Francisco Guerreiro, em área central, com atendimento regional.
Decorrente da fé trazida pelos imigrantes italianos, no ano de 1897 teve início as obras da Igreja Matriz, cuja construção demorou 50 anos. Em estilo Gótico, é um dos orgulhos da comunidade guaporense por sua rara beleza e tem como padroeiro Santo Antônio.
Guaporé, nos anos de 1960, como município basicamente agrícola, teve seu destaque no Estado do Rio Grande do Sul como grande produtor de milho, promovendo a “Festa do Milho” de forte repercussão no Estado, pois além do parque de exposições destacava-se pelo desfile de carros alegóricos, semelhantes a Festa da Uva de Caxias do Sul.
Em 1907, chegou em nossa cidade a Família Pasquali, que trazia em sua bagagem o conhecimento, a coragem e espírito empreendedor na prestação de serviços de ourivesaria, o que se tornou o sustentáculo da economia industrial por longos anos e marco no desenvolvimento econômico e geração de emprego, pois em virtude da falta de acesso asfáltico, ocorreu a transferência de empresas de expressivo movimento financeiro de Guaporé para outras localidades.
O ramo joalheiro se desenvolveu ampliando negócios, gerando emprego e renda e fortaleceu o espírito empreendedor na comunidade, o que pode ser comprovado pelo número expressivo de empresas, transformando Guaporé em pólo Estadual e segundo lugar em nível nacional na produção de joias folheadas, com comercialização nacional e internacional.
Ainda, decorrente do espírito empreendedor e criativo do empresariado guaporense, surgiu nos anos de 1990, o emergente mercado de lingerie, que também gera emprego e renda, destacando-se no mercado estadual e nacional, com abrangência de outros países da América e da Europa.
No setor da educação, Guaporé sempre agiu com responsabilidade no setor educacional, atingindo o número expressivo de mais de uma centena de escolas municipais, além das escolas estaduais como a Escola Bandeirante, com mais de 80 anos de atividades e particulares como o Colégio Scalabrini, Imaculada Conceição (ginasial e técnico), além do Seminário São Carlos, marcos na educação e formação de jovens.
No ano de 1969 através de um grupo de aficionados pelo automobilismo, iniciou-se a construção do autódromo, inicialmente com provas automobilísticas realizadas em chão batido impregnado com óleo. Atualmente a pista conta com 3.080 metros e é considerada uma das mais seguras do país. Esta praça esportiva, com 800.000 m2, além de promover a divulgação de Guaporé em nível nacional, exigiu dos órgãos públicos estaduais a construção de acesso asfáltico ao Município, em virtude do expressivo número de turistas vindos de todo o País, o que gerou um novo desenvolvimento do Município.
Diversificando o acesso a Guaporé, no ano de 1978, foi concluída a tão sonhada Ferrovia do Trigo, cujas obras se estenderam por décadas. Atualmente é motivo de orgulho para os guaporenses por sua magnitude de engenharia, integrada por túneis e viadutos únicos na América Latina.
Com uma população de aproximadamente de 22.600 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Guaporé deixou de ter a sua principal fonte de trabalho e riqueza na agricultura, passando a uma população 90% urbana.
A indústria é hoje a principal fonte de riqueza de Guaporé, embora ainda seja expressiva no Orçamento Municipal a contribuição do setor agrícola.
Guaporé, embora centenária, é uma cidade encantadora: bem traçada, ruas largas, arborizadas e multicoloridas através do plantio de infinitas flores, arquitetura arrojada, com requinte e conforto, força empreendedora ímpar, forte religiosidade, belezas naturais, desenvolvimento educacional e automobilismo, considerada Capital da Hospitalidade, é com certeza um bom lugar para se viver e conhecer.
fonte: site da Prefeitura da Guaporé